domingo, 25 de fevereiro de 2024

Ele amou-a

Tantos que vieram dizendo que a amavam com promessas ocas, vazias de sentimento. Palavras apenas, que nunca nenhum cumpriu.

Mas ele amou-a.

Com todos os seus defeitos e lacunas do ser... Ele amou-a.

Como se ama alguém assim?

Com tanto por corrigir, tantos defeitos que nem ela gostava... Nunca tinha percebido na realidade o que ele tinha visto nela para a amar.

Até lhe ter perguntado e para sua surpresa ele ter dito que "desde o primeiro dia que ali tinhas entrado".

Nunca lhe tinha passado pela cabeça que em todos esses anos, (quase tantos como aqueles que ela tinha quando ali chegou), ele a via, notava-a no meio de tantas outras que por ali passaram, durante tanto tempo ele viu a com os olhos da alma e ela nem tinha dado por isso, de ocupada que sempre estava entre amores e desamores que a puxavam para o abismo escuro e sombrio, aquele abismo onde quase sucumbiu.

Foi aí que ele a encontrou, embrulhada num manto de medos e anseios, de olhar vazio de esperança e um set de Lego sem instruções no lugar do coração.

Talvez nem se tenha apercebido na altura, do tanto que foi com tão pouco que demonstrava, mas ela soube... 

Ela soube que ali estava segura, ali havia amor, nos gestos e atitudes, não só nas palavras, porque essas também já não lhe diziam muito, de tantas que o vento já lhe tinha levado todas as outras vezes. As palavras bonitas já não lhe faziam assim tanta falta como quando era uma miúda e sonhava.

E de que adianta sonhar se não for para tornar realidade? 

Por isso pegou no sonho, no amor que ele lhe deu e amou-o de volta.

Do sonho nasceu a realidade tão desejada, porque na sua simplicidade e compaixão ele amou-a e ela finalmente encontrou o Amor com que tanto sonhava.


Sombra


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